UMA BREVE HISTÓRIA DA MPB

     A Música Popular Brasileira, conhecida como MPB, surgiu durante a Ditadura Militar no Brasil, na década de 60, e como uma nova opção de estilo musical, logo após a Bossa Nova. A MPB reflete a reunião de ritmos e movimentos musicais já presentes no país, trazendo um novo conceito de “música nacional”.

    Apesar do nome amplo, a Música Popular Brasileira não diz respeito a qualquer estilo musical presente no Brasil. Ela se refere a um estilo musical, sendo, portanto, diferente do rock, do pop, do reggae, por exemplo. 

    Desde o século XX, o termo já era utilizado, mesmo sem fazer referência a grupos musicais ou artistas específicos. Ele só apareceu como referência a um gênero específico da música alguns anos depois, quando aconteceu o declínio da Bossa Nova, que até então dominava o cenário musical da época. 

    A Música Popular Brasileira surgiu com novos compositores e intérpretes, além de um novo ritmo, algo que não era samba, não era bossa nova, mas mantinha características como a suavidade e o regionalismo já presente nesses ritmos. 

    Os maiores impulsionadores desse novo ritmo foram os festivais de música que faziam grande sucesso na televisão. Nesse momento, surgiram artistas como Elis Regina, Milton Nascimento, Chico Buarque, Edu Lobo, entre outros. A MPB ficou conhecida no país como “a música da universidade”, por ter o seu maior público entre intelectuais e estudantes. 

    Um dos marcos do início do sucesso da MPB foi a interpretação de “Arrastão”, música de Vinicius de Moraes e Edu Lobo, por Elis Regina, no I Festival de Música Popular Brasileira, da TV Excelsior, em 1965. “Disparada”, de Geraldo Vandré e “A banda”, de Chico Buarque também são consideradas músicas essências nesse processo de transição da Bossa Nova para a MPB.

    Com o Ato Institucional n° 5, alguns direitos importantes foram tirados da população, como a possibilidade de se manifestar politicamente. Foi criada na época a DCDP -Divisão de Censura de Diversões Públicas, por onde passavam qualquer produção cultural realizada no país. Essa produção era aprovada ou não pelo regime. Caso aprovada, poderia ser veiculada para o público e nos meios de comunicação. Caso não fossem aprovadas, as produções ficariam retidas, e não poderiam ser executadas. 

    Os artistas, para falarem da atual situação do país, precisavam usar metáforas. As palavras ditas tinham significados diferentes do que os militares acreditavam ter. “Cálice”, de Chico Buarque e Gilberto Gil, e “Viola enluarada”, de Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle, por exemplo, são músicas características dessa época. 

    Qualquer manifestação que não concordasse com o governo vigente era considerada subversiva e sujeita a punições. Além da censura enfrentada pelos artistas e pela população em geral, as pessoas eram submetidas à tortura, prisão, exílio, e até a morte. Em nome do que eles chamavam de “ordem nacional”, muitas pessoas foram perseguidas no país. 

    Inconformados com a situação, os artistas que pertenciam à Música Popular Brasileira, passaram a expor nas suas composições a revolta que sentiam pela situação do país. Surge dentro da MPB outros movimentos musicais vinculados, como o “Tropicalismo”. Artistas como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Os Mutantes, Gal Costa, Tom Zé, entre outros, clamavam em suas músicas por liberdade, que atraia ainda mais a atenção dos militares. Por conta disso, artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Chico Buarque tiveram que sair do país e viver exilados, devido aos riscos que corriam no seu próprio país. 

    Durante a Ditadura Militar, a música “Pra não dizer que não falei das flores”, de Geraldo Vandré, virou hino contra esse regime político. Veja alguns versos da música:


(...)Há soldados armados

Amados ou não

Quase todos perdidos

De armas na mão

Nos quartéis lhes ensinam

Uma antiga lição

De morrer pela pátria

E viver sem razão


Vem, vamos embora

Que esperar não é saber

Quem sabe faz a hora

Não espera acontecer


Nas escolas, nas ruas

Campos, construções

Somos todos soldados

Armados ou não


Caminhando e cantando

E seguindo a canção

Somos todos iguais

Braços dados ou não (...)

    Com o tempo, esse estilo musical foi se alterando, ganhando novos temas e variações. Vários artistas entraram nesse universo e trouxeram, ou continuam trazendo, contribuições para a evolução do estilo. Alguns desses artistas ficaram imensamente conhecidos, como:

Gilberto Gil

Caetano Veloso


Chico Buarque


Jorge Ben Jor


Tom Jobim

Milton Nascimento


Elis Regina

João Gilberto

Toquinho 

Vinícius de Moraes

Roberto Carlos

Nara Leão

Djavan

Taiguara

Zé Ramalho 

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